domingo, 20 de novembro de 2011

Entrevista pingue-pongue

Entrevista SANDRO TREME-TREME

“Minha religião é ficar vivo!”

Algo comum nas ruas do Recife são os meninos de rua. Eles estão por todos os lados, vestindo suas roupas surradas e desfilando o descaso da sociedade em que vivemos. Sujos, maltrapilhos, muitos deles, agarrados a uma garrafa de cola de sapateiro. Uma realidade dura da qual fazemos parte. Eles estão nos sinais, embaixo das marquises, nas calçadas, pendurados nos ônibus, nas paradas. E foi nesta cruel realidade que essa entrevista foi redigida, no meio-fio da Avenida Estrada de Belém, o rapaz Sandro Treme-treme falou sobre a sua vida e as dificuldades de quem não tem um porto para ancorar seu navio.

Mariana Frazão – Sandro, como você veio morar nas ruas?

Sandro – Eu nunca tive uma relação muito boa em casa, meu padrasto era autoritário e costumava violentar a mim e aos meus irmãos. Minha mãe fingia que não via, acho que ela tinha medo de perdê-lo. Era ele que sustentava a casa e sozinha ela não teria condições. Eu e meus irmãos éramos muito novos e não teríamos como pagar as contas. Depois de muita humilhação, eu não aguentei mais e resolvi fugir de casa. Minha mãe e meus irmãos esbarraram algumas vezes comigo, nunca fizeram questão nenhuma de me ver lá novamente, de alguma forma minha existência foi excluída daquela casa.

Mariana Frazão – Você chegou a frequentar algum colégio?

Sandro – Sim. Eu sei ler e escrever, mas a maioria das coisas que eu aprendi foram nesses becos, com gente suja como eu.

Mariana Frazão – O que lhe faz pensar que você é uma pessoa suja?

SandroEu sinto isso no olhar das pessoas. Tem neguinho que vê a gente assim e já pensa que é assaltante. Tratam a gente com chute. Aqui a “língua” não é voz, é grosseria!

Mariana Frazão – Qual a explicação do apelido: Sandro Treme-Treme?

SandroSandro é o meu nome mesmo. O treme-treme veio depois de muita “cheirada”, eu comecei a ter uns tremeliques. Não consigo tomar conta do meu corpo, tudo estremece! Daí os “moleque” começaram a me chamar de treme-treme e ficou: Sandro Treme-Treme.

Mariana Frazão – Como foi esse teu envolvimento com as drogas?

Sandro – Moleque que tá na rua tem que seguir o ritmo. Não dá pra dizer que você tá aqui porque algo na tua vida deu errado, você escolheu isso, mas vai viver santo sem se drogar ou roubar. Tem “nêgo” que começa assim, mas com o tempo a gente aprende as regras da sobrevivência. No começo a cola é um “engana-fome”, depois é vício e por fim é necessidade. O resto é influência, curiosidade, é uma forma de provar que você é grande.

Mariana Frazão – Você tem algum ponto fixo que possa chamar de casa?

Sandro – Eu vou pra onde eu quero, na hora que eu quero, mas se eu tivesse que chamar um lugar de “casa” seria uma praça ali perto do Arruda, a maioria dos moleques dormem por ali. O ruim é que lá é ponto de prostituição e vez por outra rola treta com os clientes.

Mariana Frazão – Como você se locomove de um canto para o outro da cidade?

Sandro – Bigu. Quando não dá vou a pé mesmo. Tem motorista que arranca com o ônibus só de “fuleiragem”. Já tive amigo que se deu mal numa dessas, o miserável passou por cima do pé dele e arrancou com o ônibus sem nem prestar socorro. Quando o lugar é perto é melhor nem arriscar, é numa dessas que se vira frango assado.

Mariana Frazão – Você se arrepende de algo?

SandroNão. Tudo que eu faço é pra sobreviver. Deus que deveria se arrepender por não olhar pra todo mundo.

Mariana Frazão – Você tem alguma religião?

SandroDeixei de colocar fé em Deus quando ele deixou de colocar fé em mim.Minha religião é ficar vivo!

Mariana Frazão - Você tem noção de tempo?

SandroAmanheceu é hora de catar algo pra comer. Fim de ano é quando soltam os fogos e eu sei que é a meia-noite de mais um ano sem perspectivas. O resto eu só sei se perguntar pra alguém. Calendário de pobre não tem valor!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Que país é esse?



Como disse Renato Russo em uma de suas mais belas músicas “na favela, no senado, sujeira pra todo lado, que país é esse?... Pois é, acordamos hoje (31) com a insatisfação de receber uma notícia da qual não se orgulharemos jamais. Jaqueline Roriz, Deputada Federal que foi flagrada em vídeo, de 2006, recebendo dinheiro público de Durval Barbosa para aplicar em sua campanha eleitoral,  foi absolvida em votação secreta no senado. A explicação da Deputada pelo inexplicável fato foi de que ela como cidadã comum não precisa obedecer o código de ética do senado.Dinheiro público sendo utilizado para campanha. Interessante como nós, enquanto sociedade, elegemos pessoas desse naipe para nos representar no senado, para cuidar do nosso dinheiro e do nosso futuro. Brasil, brasileiros, o que é isso? O que é esse descaso com a política? E hoje, vocês,como eu, vem criticar essa situação na qual nos encontramos. Nós temos as chances em mãos, e o que fazemos com ela, NADA, absolutamente nada. Poucos são o que realmente procuram saber da vida de seus candidatos. Boa índole vem no sangue. Ainda temos tempo de mudar nossa história, já cansamos de ver corrupção,lavagem de dinheiro, os mesmos partidos, os mesmos políticos, a mesma malandragem. Vamos ficar nessa ladainha por quanto tempo ainda? Se for continuar assim, vou mudar essa minha idéia de que o Brasil é melhor do que lá fora, aliás vou mudar meus planos de viver aqui pra sempre. Porém espero de todo coração que evoluamos com esses momentos e que aprendamos a lutar pelos nossos direitos... Nos dias de eleição, nós temos voz, depois nos calam, e ainda querem calar a imprensa. Eu me revolto com esse país, com esses problemas, com essa politicagem sem vergonha. Tantas vezes nos deparamos com histórias de pais de famílias presos por pegar por necessidade uma lata de leite no supermercado sem permissão.Isso é totalmente errado, não apoio. Porém, eu me revolto quando vejo esse roubo de políticos tão na cara, sem necessidades e por muito dinheiro. E esses picaretas onde estão? Estão livres, desfrutando da boa vida que nós, povo brasileiro, não temos. O ser político, deveria ser o ser mais ético da sociedade, porém a realidade mostra-nos a diferença de tudo isso. Para terminar só peço encarecidamente uma coisa, vamos pensar direitinho nos nossos candidatos antes de ir à urna. Vamos fazer parte dessa política, parar de pensar que nosso dever é apenas votar, mas sim votar e cobrar a todo tempo as promessas feitas. Exigir que tenhamos voz, e que essa voz não seja apenas em outubro de cada 4 anos, ou de 2 em 2  e sim todos os dias de nossas vidas.

domingo, 28 de agosto de 2011

O rei leão 3D

Algumas coisas não ficam para trás, a prova disso é a volta do clássico: O rei leão às telas de cinema.
Dezessete anos se passaram, até o 32° longa-metragem animado da Walt Disney retornar aos cinemas de todo o Brasil. O rei leão está de volta e agora mais perto de você, o filme foi recriado em 3D, mas não se assustem; Simba, Nala, Timão, Pumba são todos os mesmos, a essência não foi, nem por um segundo, mudada.
É engraçado ver que o público que lota as salas de cinema não são apenas pais acompanhando seus filhos, são fãs, são pessoas tendo a oportunidade de mostrar aos seus filhos um pouco da sua infância.
O longa foi criado em homenagem ao príncipe William, na época com 12 anos, e chegou a ser a 17° maior bilheteria dos EUA, chegando a render $328.5 milhões.
Quem tirou o dia para ir ao cinema se emocionou, riu, chorou e voltou pra casa com aquele ar de quem um dia pôde ter uma infância de verdade. A nostalgia é o convite de "O rei leão 3D".

Hakuna Matata.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A forte temática de Maria Farrar

Quatro jovens atrizes sobem ao palco e dão um show de interpretação na pele da órfã Maria Farrar.

Diferente do que é de costume, em As infanticidas de Maria Farrar o público experimenta uma sensação não muito peculiar, o aquecimento dos atores normalmente feito por trás das cortinas é realizado no palco no momento em que os espectadores vão entrando no teatro e se acomodando nas cadeiras. Um momento muito bem pensado para descontração, já que a montagem trata-se de um enredo carregado de dor e agonia. No palco, enquanto correm, pulam, esticam, encolhem... Os jovens do curso avançado de teatro do Sesc Santo Amaro emanam toda sua boa energia para a platéia.

A montagem baseada no texto de Bertolt Brecht aborda temas como estupro, violência doméstica e aborto.

Os aproximadamente, 50min de espetáculo tornam-se ainda mais inquietantes, pela opção do diretor e ator Rodrigo Cunha ao escolher que a personagem fosse vivida não só por uma das atrizes, mas sim por todas, o que desperta na platéia um misto de sentimentos, cada interprete dá a personagem uma forma diferente, é um banho de água fria lançado ao público. Até mesmo o longo tempo de funk encaixado no meio da peça é uma cena bastante dura. Aqui não cabem risadas, apenas reflexões sobre a cruel realidade humana de alguns.

“Algumas vezes as mulheres se sujeitam a exposição e a serem tratadas como mulher objeto”, comentou o ator e diretor da peça Rodrigo Cunha, a respeito da cena do funk em um bate-papo pós apresentação.

A peça havia sido encenada apenas uma vez e agora subiu ao palco no 9° festival estudantil de teatro e dança nesta quinta-feira (18).

A experiência foi simplesmente extraordinária. A personagem exigiu muitos laboratórios (exercícios práticos de observação - vídeos da internet, pessoas na vida real, etc.) pra cena do estupro assisti "Irreversível" com Monica Bellucci. Ela interpreta uma cena de estupro com mais de 8min e me ajudou muito a compor minha cena..
Para o espetáculo em geral, e principalmente nas cenas do estupro e do funk, foi necessário se despir do pudor (coisa que não foi fácil) e novamente muitos laboratórios
”, comentou Enny Mara, estudante e aspirante a atriz.

Impossível sair do Teatro Apolo na noite passada sem que os diálogos martelassem na cabeça de quem acabara de prestigiar As infanticidas Maria Farrar, “A vós também, peço que não se indignem, pois toda a criatura precisa da ajuda de todos”.

O festival continua até o dia 28 deste mês e hoje às 19h30 se apresentará o grupo de Criação Coletiva da Companhia Maria Sem-Vergonha de Teatro e Circo com a peça “Ainda há cristais nas flores do sal”. Os ingressos custam R$5 (preço único).

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Público conectado por gargalhadas na peça Conexões Urbanas

Conexões Urbanas sobe, pela segunda vez, ao palco em apresentação no 9° festival estudantil de teatro e dança.

Luzes apagadas, no palco uma única cadeira era iluminada, a platéia de aproximadamente 150 pessoas olhava atentamente para o tablado do teatro Apolo no Recife (PE). O público formado por pessoas de todas as idades emocionou-se ao escutar os jovens atores do Cênicas Cia de Repertório interpretarem o texto “Palavras ao vento” da escritora e roteirista brasileira Adriana Falcão. A peça que começara às 19:30hrs desta terça-feira (16) era “Conexões Urbanas”, com direção de Antônio Rodrigues.


O “Conexões Urbanas”, dividido em oito atos, é formado por um grupo de oito jovens estudantes que de repente se encontraram com a responsabilidade de subir ao palco e se apresentarem no 9° festival estudantil de teatro e dança.

O Cênicas Cia de Repertório está há uma década na história do teatro pernambucano e já esteve nos palcos com montagens como “Mamãe não pode saber" e "Senhora dos afogados".

"Participar de um festival foi muito além das minhas expectativas até por sermos um grupo iniciante. E como principiante na arte de atuar, tenho que dizer que foi uma realização tanto Cênica quanto pessoal”, comentou Rhayana Fernandes, 18, estudante e aspirante a atriz.

Ao fim do espetáculo, o público pôde curtir um bate-papo com o grupo, tirar dúvidas, fazer elogios e ainda rir com as palavras do homenageado do festival Carlos Varella, que até então poderia passar despercebido em meio à platéia.

O maior festival estudantil do Norte-Nordeste segue até o dia 28 de agosto com apresentações nos teatros Apolo, Boa Vista e de Santa Isabel, contando com a participação de centenas de artistas, alunos e educadores. Os ingressos custam RS5,00 (preço único) e quem quiser saber mais informações e consultar as peças e horários pode entrar no blog do festival fetivalestudantil.blogspot.com.







quinta-feira, 26 de maio de 2011

No blog e sem Jabá



Uma vez ouvi Humberto Gessinger (o senhor Engenheiros do Hawaii) dizer: “Acho que tem duas músicas, no mundo que valem a pena existirem que são aquelas que quando tocam no rádio ou tu vais, corre e muda o canal ou tu vais corre, e aumenta o volume.”
Essa frase me fez pensar sobre a magia da rádio e aquele poder de tocar a música na qual você estava pensando. Ou aquela sensação de tocar a música certa na hora errada, fazendo você se acabar em lágrimas. De fato essa frase me tocou mais no lado sentimental, até pelo motivo de ser um ouvinte de rádio. Relutante às vezes, principalmente pela escassez de rádios boas no meu estado (Pernambuco), o que me deixa saudoso pela antiga “Rádio Cidade”. Mas aquele poder da rádio, de me apresentar uma banda nova é algo que não vai morrer.
O problema atual e de tempos bem remotos, é o ruim e questionável Jabá. Motivo pelo qual, sempre as mesmas bandas e cantores ocupem a programação. Deixando de lado ótimas bandas, que por não ter um produtor ou empresário abastado não tem oportunidade de tocar nas rádios. Entupindo nossos ouvidos de Sertanejo, forró, axé, pagode, brega e pseudo rock.
O jornal de cabeceira vai destinar esse espaço (toda quinta-feira) para falar sobre: Um cd, uma banda, um cantor ou uma música que não apareçam atualmente nas rádios. Coisa nova, antiga ou paleozóica que eu ache válido dar a minha visão. Então, aquele artista que de alguma forma me fez aumentar o volume do som, vai estar no “Blog e sem Jabá”.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Caso alemã chegando ao desfecho final

          
          A notícia com a qual nos deparamos hoje (25/05/2011), veiculada pela folha de Pernambuco, conceituado jornal da cidade do Recife, trouxe uma novidade que poderá ser o desfecho do Caso da Alemã Jennifer Kloker de 22 anos. Para quem não se lembra a jovem turista foi assassinada depois de um suposto assalto por volta das 22h15 da noite do dia 16/02/2010 na BR-408 no município de São Lourenço da Mata. Segundo a família da vítima, dois homens em uma moto, pararam o carro e obrigaram todos a descer, quem estava no veículo eram Delma Freire e Ferdinando Tonelli, sogros de Jennifer e seu marido Pablo com o filho do casal. Os até então ladrões, roubaram os pertences da família, levaram o carro e a jovem com eles, que logo depois foi encontrada morta nos arredores da rodovia. Não durou muito tempo para o caso que começou como assalto, ganhar outras versões.
           Depois de muitas investigações, descobriu-se que o casal Jennifer Kloker e seu marido Pablo Tonelli discutiam muito, e que ela já tinha dado queixa na delegacia por agressão física, e que tanto seus sogros, como seu marido tem antecedentes criminais.  A polícia chegou à conclusão de que a família da vítima teria encomendado a morte da jovem para receber seu seguro de vida  que valia mais de 1 milhão de reais.  Delma Freire, Ferdinando Tonelli, Pablo Tonelli e Alexsandro Neves dos Santos, este último é acusado de dar os disparos contra a vítima, aguardaram o julgamento na prisão. Esse foi marcado para o dia 24/05/2011, e não aconteceu, foi adiado por muita conturbação, e também porque já estava transferido para outra data o julgamento de Delma Freire, peça chave para os júris dar a sentença dos outros acusados.
     A folha de Pernambuco nos trouxe uma entrevista com Delma Freira, onde a acusada afirma ter planejado a morte da nora apenas com a ajuda de seu irmão “Dinarte Dantas”, livrando assim das acusações Pablo Tonelli, e Ferdinando Tonelli. Delma conta que matar a vítima foi um ato de amor pelo seu filho, marido de Jennifer, ela diz que via o sofrimento dele, e que Jennifer o traía com um segurança de uma boate de Streep Tease, e que ainda por cima a jovem queria levar o filho do casal e neto de Delma para morar na Alemanha. Enquanto ao seguro, ela afirma que não sabia de nada. A audiência para decidir a data do julgamento poderá ocorrer ainda nesta semana.